sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Massa Sovada

Já não sei o que dizer
Não tenho sobre o que escrever
Aceitei minha incapacidade
De explicar minha verdade

Essa massa sovada de carne e inferno astral
Regida por impulso biopsicossocial
Está contente com sua efemeridade
E nunca quis redenção ou felicidade

Seguirá seu caminho infeliz
Pensando que foi por um triz
Que deixou a vida passar
Enquanto estava a pensar

Sobre os motivos de tudo
Sobre a ordem natural
E a desordem social
Que regem o mundo

domingo, 2 de abril de 2017

Versos Evolucioniilistas

A vida consciente
É o pior acidente
Da evolução

Talvez haja sentido
Mas está perdido
Pra além da compreensão

De primatas pelados
Que foram criados
Pela seleção natural

E surgem as rugas
Da eterna fuga
Do inferno astral

Que é compreender
Que não há como viver
Sem causar algum mal

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Sem Título #02

Cansado e perdido
Em busca de um abrigo
Alguma fuga da rotina
Que forneça dopamina

Queria poder fugir de tudo
Levando tudo comigo
Viver num mundo onde o futuro
Não precise ser temido

Produzindo pra compartilhar
O necessário pra sustentar
Uma vida com dignidade
Coexistindo em comunidade

Continuo perseguindo
Esse sonho distante
Que parece tão lindo
E está sempre no horizonte

Encurralado em um canto
Encolhido e aos prantos
Meu coração implora liberdade
Paz, amor e igualdade

Uma peça sobressalente
De um jogo já completo
Que se tornou demente
Por excesso de afeto

domingo, 10 de julho de 2016

Desilusão

Tomo um gole de esperança
Só pra rir da minha cara
"Ora, não seja criança
O tempo fere mais que sara"

Construí à minha volta um mausoléu
Que decorei com todo meu fel
E agora só resta esperar
A hora da minha hora chegar

Preso em infinito estado taciturno
Perdido em longos ócios noturnos
Nada me comove ou motiva
E a alegria cada vez mais esquiva

Insensível sem um pingo de esperança
Oceano revolto de dor e aspereza
Sonho com o fim que me acalanta
Sono eterno, refúgio da tristeza

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Fim dos Tempos (pós-Modernos)

Velhas torres de vidro e cimento
Prevalecerão ao passar do tempo
Mesmo quando todas as vidas
Que a preenchem forem esquecidas

As ruas antes sobrepujadas
De borrachas motores e latas
Abrirão seu caminho vazio
Como um leito seco de rio

E a natureza outrora exilada,
Subjugada a ser explorada
Retomará o que sempre foi seu
Como luz redentora no breu

E a ordem natural de tudo
Voltará ao caótico equilíbrio
Recriando todo o mundo
Arruinado por um de seus filhos

terça-feira, 30 de junho de 2015

A(mar)gura

Já não existe esperança
O horizonte é todo tormenta
Tempestade impetuosa e violenta
Sem promessa de bonança

Só me resta lutar em vão
Contra essa imensidão
Salgada de rancor
Aguada de dor

E vou morrer afogado
Em busca de um cais
Mas talvez do outro lado
Eu encontre minha paz

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Sonho n°9

Cada bala disparada
É uma multidão enjaulada
Em dor e sofrimento
Solidão e desalento

A arma não escolhe
Pra onde é apontada
A mão que destrói
É também dilacerada

Não adianta atacar de volta
Não consegue perceber?
Que toda essa revolta
Destrói também você

Nada se constrói com destruição
O passado já ficou pra trás
E é somente com união
Que alcançaremos a paz